sexta-feira, junho 18

Capítulo 2 - O ataque

Depois do desembarque, eles começaram a atacar. Primeiro as torres. Qualquer antena que viam era destruída. Com pedras !

Incrível. Uma civilização alienígena que consegue viajar trilhões e trilhões de quilômetros nos ataca com pedras ! Não que eu estivesse feliz, mas eu esperava um raio da morte, um laserzinho ou até mesmo um míssilzinho. Projéteis impulsionados por magnetismo, no bom estilo das Gauss. Pedras foi decepcionante. Ser derrotados por trogloditas atacando pedras.

Mas o estrago causado foi grande. Comecei a notar que em quinze minutos já não haviam mais antenas na área. O céu estava forrado de naves e caças tentando derrubá-las. Foi então que a FAB começou a usar as metralhadoras dos aviões, por falta de mísseis.

As naves dos alienígenas pareciam que eram de papelão. Cada tiro de metralhadora passava direto e matava o piloto. Foi uma festa.

Tinha tanta nave no céu que me fiquei imaginando uma nuvem de gafanhotos. Nunca vi uma nuvem de gafanhotos na vida, mas deve ser parecido. Quando os caças da FAB começaram a usar as metralhadoras o chão começou a ficar repleto de naves caídas.

Foi quando caiu uma no telhado de casa.

Irresistível tentação. Claro que vou olhar.

- Não pai, sobe não. Caiu um bichão no telhado. E parece que tá se mexendo.

- Que ? Descer ? Tá maluca mãe. E pode parar de chamar a Nossa Senhora que se era pra ela ajudar, ela tinha já teria feito alguma coisa.

A nave era verde. Toda verde. E tava gelada. O formato mais parecia uma cunha. Fundo achatado, frente pontuda, era quase uma pirâmide deitada no telhado.

O bichão tava lá dentro. A janela tava coberta de uma gosma verde. Tinha mais gosma verde saindo dele. Seus três olhos tentavam se fixar em mim. O cara tinha três tentáculos, pele azulada, usava uma roupa tipo lã ou sei lá se não era um cara peludo.

Um dos tentáculos não parava de tatear o chão ou o o colo dele (se é que ele tava sentado).

quarta-feira, junho 2

Capítulo 1 - O desembarque

Será que o baseado é mais forte ??

Não dá pra acreditar. Uma nave.

Putz. Avião da força aérea. Passou baixo, num rasante. Um velho Mirage comprado da França. Se os neguinho que tão chegando tiverem brabos, este aviãozinho de merda não dá nem pro cheiro.

- Alô ? Oi pai. O que ??? Vixe, que a coisa é feia. HA HA HA. É ... eu tô vendo. Não véio, esquece o satélite. O ponto que eu tava vendo no telescópio é a nave. Eu liguei pro meu amigo lá da USP. Até já passou um avião da FAB. É... tá... sei lá... eu não vou descer agora. Deixa a comida no prato que daqui a pouco eu vou.

O avião sumiu. Ajustar o telescópio. OK. Ainda tá longe pra cacete. Tá com a cara da Enterprise, do Jornada nas Estrelas. Esta nave deve ser grande. Deve ser MUITO grande.

Será que eles passaram a velocidade da luz ? De onde estão vindo ? O que querem aqui ? São milhões de perguntas. Onde será que eles estão indo ?

Já dá pra ver o pontinho sem o telescópio. Binóculos.

- E aí, véio ?

- Sua mãe mandou o prato pra você.

- VALEU MÃE.

- É aquele pontinho se mexendo ali. Usa o binóculo.

- PUTAQUEPARIU !!!!

- É isso mesmo.

E ficamos os dois ali vendo a nave se aproximar. A esta altura a rua e a cidade estavam cheias de curiosos que também se puseram a admirar a beleza da nave. Bom, eu não sei o que os outros achavam, mas eu achei a nave linda. Grande, com luzes acesas agora. O metal ainda incandescente pela entrada na nossa atmosfera. Com o binóculo dava pra ver muitos Mirage em volta da nave. Minúsculos.

Os telhados das casas estavam ficando cheios de gente. Tinha garotos andando na rua pulando e gritando vivas. Os crentes estavam passando apressados para seus cultos. Com certeza iriam exorcizar o mal que estes ET's encapetados poderiam fazer. Muitos nem ligavam. Comecei a explorar os detalhes da nave. No telescópio parecia que ela estava mudando de pele. Alguma coisa que cobria a nave estava sumindo. Apareciam rugas e verrugas pela nave toda. Interessante. As verruguinhas pareciam estar inchando. Seria uma nave ou um ser vivo ???

Foi aí que eu me toquei. Caças. Naves menores. Ficavam dependuradas na nave-mãe e protegidas por alguma couraça que meu telescópiozinho não conseguiu pegar com nitidez. E elas estavam decolando. Milhares. Dezenas de milhares.

Além das naves-verrugas, as rugas eram como trens. Estavam pousando. Os trens tinham uma espécie de retro-propulsores que os faziam descer devagar, soltando um pouco de fumaça no processo. Será que estão poluindo nossa atmosfera ?

As primeiras naves começaram a voar realmente. Os caças tentaram acompanhá-las no começo, mas pela quantidade desistiram e se mantiveram ao redor da nave-mãe, agora lisa. Toda a frota de desembarque havia saído. Em uma hora nosso planeta estava coberto de seres alienígenas.